15.7.17

Resenha #0006: Lendas do Bom Rabi - Malba Tahan


Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.
Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de
toda a  tua alma, e de todas as tuas forças.
Os mandamentos que hoje te dou serão gravados no teu coração.
Tu os referirás a teus filhos, e deles falarás, seja sentado em tua casa,
 seja andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares.
E as atarás como sinal tua mão, e os levarás como uma faixa frontal diante dos teus olhos
Tu os escreverás nos umbrais e nas portas de tua casa.
Emocionante, não acham?
Não?
Então leiam de novo.
:)


Você gosta de contos? Talvez não. Contos são bobos e infantis. Mas e se esses contos forem repletos de sabedoria e mensagens de fé para a sua vida? E se cada conto tocasse o fundo da sua alma e te enchesse de gozo e fé em Deus? Tenho certeza que nesse caso você não se importaria em ler um delicioso conto judaico.

Um conto judaico?

Sim, um conto judaico, meu caro. Um bom e velho conto judaico. Contos judaicos (e acho que já estou usando demais essa palavra!) são repletos de mensagens positivas sobre a vida, Deus e sobre a esperança. São uma fonte de sabedoria milenar. Não é à toa que os hebreus nos deixaram dois livros cheios de sabedoria para a vida moderna (Provérbios e Eclesiastes). 

Hoje eu vim trazer uma resenha de um dos livros favoritos da minha estante. Favorito por dois motivos: Primeiro porque adoro o projeto gráfico da capa que a editora usou para dar vida ao livro. A raposa contemplando avidamente uma vinha suculenta é a figura presente no quarto conto dessa antologia, intitulado "A Raposa e a Vinha". Ah, desculpa por usar um termo um tanto complicado. Uma antologia é uma coletânea de vários contos reunidos em um único lugar. (Não esquenta, eu também não sabia disso. Mas que isso fique entre nós, combinado? rsrs) Segundo porque eu comprei esse livro em um momento de dificuldade emocional pelo qual eu estava passando há alguns anos. Posso dizer claramente que esses contos me fizeram sorrir, gargalhar e me alegrar. 

Vou falar uma coisa para vocês, eu gostei tanto desse livro que eu cheguei a dar um de presente para um pastor amigo meu que tem certa afeição pela cultura judaica. Escrevi uma dedicatória bem concisa e o presenteei em um domingo pela manhã. Ele ficou muito feliz ao recebê-lo, mas não tanto quanto depois de tê-lo lido. Lembro-me até hoje de uma mensagem pelo whatsapp que ele me enviou:

- Irmão, obrigado mesmo pelo livro. Esse livro é muito bom!!!

Então, vamos conferir? ;)


O livro é basicamente composto de mais ou menos 90 contos diferentes. Os temas variam entre fé em Deus, esperança em um futuro melhor, amor ao próximo, caridade, resignação, sabedoria e humildade. Com uma escrita clara e concisa, o autor Malba Tahan realizou uma vasta pesquisa das melhores e mais belas estórias judaicas e as reuniu em um único volume. 

É impossível acabar um conto sem querer ler o próximo.

Acho que o livro já fala por si só. Não acredito que nada do que eu fale, ou melhor, escreva aqui, vá transmitir a vocês os valores morais que eu recebi ao ler esse magnífico volume. Vamos conferir alguns contos, dentre eles, o meu preferido "A Raposa e a Vinha"?



A Raposa e a Vinha

O Rei Salomão, o mais sábio de todos os homens, lembra-nos de sermos muito humildes, pois um homem vem a este mundo sem nada, e assim o deixará, sem riquezas. Nossos sábios nos contam a seguinte parábola, para que estas sábias palavras de Salomão permaneçam frescas em nossa memória:

Uma astuta raposa passava por um lindo vinhedo. Uma cerca alta e espessa cercava a vinha por todos os lados. Ao circular ao redor da cerca, a raposa encontrou um buraquinho, suficiente apenas para que ela passasse a cabeça por ele. A raposa podia ver as uvas suculentas que cresciam na vinha, e sua boca começou a salivar. Mas o buraco era muito pequeno para ela.

O que fez então a esperta raposa? 

Jejuou por três dias, até tornar-se tão magra que conseguiu passar pelo vão.
No vinhedo, a raposa começou a comer à vontade. Ficou maior e mais gorda que antes. Até que quis sair da plantação. 

Ai dela! O buraco estava pequeno demais novamente. O que poderia fazer? Jejuou então por três dias, até que conseguiu espremer-se pelo buraco e passar para fora outra vez.
Voltando-se para olhar a vinha, a pobre raposa disse: 

"Vinha, ó vinha! Como pareces adorável, e como são deliciosas tuas frutas. Mas que bem me fizeste? Assim como a ti cheguei, assim eu te deixo..."

E assim, dizem nossos sábios, também acontece com este mundo. É maravilhoso, mas da mesma forma que um homem chega neste mundo com as mãos vazias, assim o deixa. Apenas a Torá que estudou, as mitsvot que cumpriu, e as boas ações que praticou são os verdadeiros frutos que poderá levar com ele

* * * 

O Judeu e a Vaca

Um homem muito pobre vai até o rabino pedir um conselho e relata que não aguenta mais as condições na qual sua família vive. Com dez filhos, morando em um pequeno casebre composto de um único cômodo, o homem fala de seu desespero ao ter crianças por todo lado e viver sem nenhum espaço. O rabino ouve silenciosamente todas as mazelas do homem e, então, pergunta:

– “Acaso vocês possuem um vaca?”

– “Vaca?”, perguntou o homem, não compreendendo a conexão. – “Sim, dispomos de uma vaca leiteira que nos supre de leite e derivados!”
“Muito bem. Isso é o que você vai fazer…”, disse o rabino resoluto. – “Pegue a vaca e coloque-a para dentro da casa. Faça isso pelo período de uma semana e, então, retorne.”
Incrédulo, o homem obedeceu. Passada a semana, ele retornou ainda mais desesperado.
O rabino perguntou: – “Como está tudo?
-”Tudo que me faltava era aquela vaca fazendo necessidades na casa e ocupando o pouco espaço que tanto disputávamos.”
– “Muito bem. Pois tire a vaca de agora em diante e retorne em uma semana.” - disse o rabino, em tom sábio.
Finda a semana, o homem aparece com ar irreconhecível. Estava descansado e eufórico. O rabino perguntou:

– “Como anda tudo?”

– “Nunca esteve tão bem. Desde o dia em que aquela vaca saiu de nossa casa a vida mudou. Temos lugar para todos e descobrimos quão espaçosa é nossa casa!

* * * 


Deus é Ladrão.

Conta-se que Adriano, o temido imperador, mandou, certa vez, viesse à sua presença o sábio Gamaliel e, com o intuito de confundi-lo diante da corte, interpelou-o desta forma:

- Dize-me, ó judeu! - Aquele que rouba é ou não é um ladrão?

- Sim - concordou o rabi Gamaliel. - Não há como negar a evidência: Aquele que rouba é ladrão.
Ouvida esta resposta, volveu o romano com rispidez:

- Então o teu Deus é um ladrão, um trapaceiro, pois, segundo ensina o teu Livro Santo, Deus fez dormir Adão, e durante o sono, furtou-lhe uma costela.

Nesse momento, a jovem Raquel, filha do rabi, que ouvira o diálogo oculta atrás de um reposteiro, surgiu de improviso na sala e, acercando-se do trono de César, implorou aflita:

- Senhor! Venho pedir justiça! Fui roubada! Miseravelmente roubada!

- Como foi isso? - indagou surpreso o soberano.

- Entrou um ladrão em minha casa, durante a noite, e furtou-me pequeno cântaro de barro. E o trapaceiro deixou, no lugar, precioso vaso de ouro, cheio de rubis e diamantes! Peço justiça!

- Mas minha filha - ponderou o imperador, com malicioso sorriso - quem me dera um ladrão assim, todas as noites, assaltando os meus aposentos e levando tudo o que é meu! Esse homem não agiu como um ladrão, mas sim, como um benfeitor!

Ao ouvir tais palavras prorrompeu com altivez a filha de Gamaliel:

- Como queres, então, ó César!, atirar sobre o nosso Deus, sobre o Deus dos Judeus, o libelo de ladrão? Lembra-te de que ele furtou de Adão uma costela, e deixou, em troca, uma linda e dedicada esposa!

* * * 


Gostaram desses três contos? Então comentem, compartilhem e comprem o livro. :) 

Ah, não se esqueçam de se inscreverem no blog e receberem minhas resenhas direto no seu e-mail.

Acompanhe pelas redes sociais:


Facebook: Curtir Página          


Um comentário:

Resenhas mais antigas:

Livros que estou lendo no momento. (Resenha em breve)

Copyright © 2015 | Design e Código: Sanyt Design | Tema: Viagem - Blogger | Uso pessoal • voltar ao topo