Que mais tarde morreria, Estevão já sabia.
Seus algozes o julgaram, enquanto os outros
apenas o olharam.
Saulo sutilmente observara,
ao passo que o manto de Gamaliel ele firmemente
segurava.
Pedras eram lançadas sobre o rosto do rapaz,
mas aquele que podia impedir infelizmente nada
faz.
Homem forte e corajoso, um momento tempestuoso.
Sua morte foi repleta de ardor, mais tarde,
entretanto, viu ele a glória do Senhor.
Por: Bruno Felipe
Olá, pessoal! Hoje vim fazer uma resenha um pouquinho diferente do habitual. Não vim falar de nenhum livro lido, vim falar sobre o primeiro mártir do século I. Confesso que meu amor pelas biografias têm se tornado cada vez mais latente à medida que estudo o sofrimento que os santos do passado suportaram em nome do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Lembrando o texto de Hebreus 11:38 "homens de que o mundo não era digno". Será? (resposta no final da resenha)
Tenho admirado pessoas que viveram nas sombras. Escondidas. Sem muita atenção ou fama. Realizaram trabalhos notáveis e pagaram o preço por terem levado sua fé ao mais alto nível jamais exercido:
A Morte.
Em Atos 6.15 vemos que Estevão é retratado da seguinte maneira:
Olhando para ele, todos os que estavam sentados no Sinédrio viram que o seu rosto parecia o rosto de um anjo.
Vamos conferir? ;)
Saulo se apoio na coluna de pedra, contemplando a cena à sua frente. O sol mergulhou entre as paredes do templo, lançando exageradas sombras pelo átrio. Um dos que seguiam a Cristo estava no átrio do templo, rodeado por membros do conselho de governantes. Ele era jovem, sem uma grande barba, mas apresentou fervorosamente o seu caso diante dos líderes de Israel. O jovem conhecido como Estevão pregou as palavras do livro sagrado lançando-as ao redor como se cada homem entre os presentes não as soubesse de memória.
"Que arrogância", pensou Saulo. "Ele está se condenando com esse espetáculo."
Ele andava em meio à multidão mantendo distância de Estevão, mas nunca o perdendo de vista. O ar exalava uma tensão explosiva que Saulo reconhecia com prazer. Hoje haveria sangue derramado.
O sermão de Estevão terminou de forma repentina à medida que a multidão o arrastava lançando-o de um lado para o outro. A sua voz de elevou com firmeza, cheia de confiança.
"Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas, vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos e não a guardastes".
Saulo parou, assombrado com a ousadia de Estevão. Ele encontrara esses seguidores de Cristo anteriormente e suportara as loucas acusações, mas isso já era demais. A multidão explodiu em fúria, agitando punhos fechados e cuspindo nele.
"Hoje morrerás, jovem", murmurou Saulo à medida que um sorriso maligno passava a ocupar o seu rosto. "Eu mesmo cuidarei disso".
Mas Estevão permaneceu calmo, mesmo com a pressão da multidão contra ele. Em vez de correr ou tentar se proteger, ele simplesmente levantou os olhos para o céu. A calma se instalou sobre seus olhos enquanto seu olhar permanecia fixo nas nuvens. Em seguida, disse as palavras que selaram o seu destino:
"Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus".
Por um breve momento, um silêncio aturdido caiu sobre a multidão enquanto as pessoas tentavam compreender o nível da blasfêmia que Estevão pronunciara. E então, em uníssono, todos gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. Agarraram Estevão e o arrastaram para fora da cidade, alternadamente puxando-o, arrastando-o e chutando-o.
Saulo se manteve afastado da multidão: ele não desejava sujar as mãos nem as roupas depois que isso estivesse feito. Mas queria se certificar de que a obra estaria sido concluída.
Do lado de fora da porta da cidade havia uma pequena elevação que tinha vista para o vale abaixo. A queda era de apenas 4,5 metros, mas quando atiradas dali, muitas das vítimas de apedrejamento morriam pelo impacto. Saulo preferia que as execuções fossem rápidas e limpas, contudo Estevão não deu sinal de que morreria facilmente. A multidão o arremessou do precipício, mas a queda não o feriu, e lentamente se pôs de pé enfrentando-os com confiança.
"Muito bem. Faremos isso da maneira mais difícil", resmungou um velho com uma longa barba, tirando o seu manto e colocando-o aos pés de Saulo. Um por um os membros do conselho fizeram a mesma coisa, até que houvesse uma pilha de roupas arrumada perto de Saulo. Eles não queriam manchar de sangue as vestes boas no processo de matar um homem cristão.
O costume dos judeus permitia uma morte misericordiosa depois da queda de um penhasco. Uma grande pedra, aproximadamente do tamanho da cabeça de um homem seria lançada sobre a vítima, normalmente trazendo o espetáculo a um fim rápido. Se o homem não morresse com esse golpe, os membros do conselho, então, apanhavam pedras e o apedrejavam até a morte.
Saulo considerava o processo repugnante e normalmente preferia não participar. Por isso, ficou de lado e manteve limpas as suas mãos. Mas durante todo o tempo Estevão olhou para ele com os olhos castanhos escuros firmes e destemidos. Não houve choro, nem súplica, apenas uma profunda confiança enquanto esperava o inevitável.
Quando Estevão viu o homem barbado levantar uma grande pedra acima de sua cabeça, desviu os olhos de Saulo e os fechou. Lentamente, levantou as mãos, com as palmas para cima, e sussurrou:
"Senhor Jesus, recebe o meu espírito".
A grande pedra voou pelo ar com um silvo e aterrissou não sobre a cabeça de Estevão, como se pretendia, mas sobre o seu ombro. O ruído da rocha caindo e da quebra dos ossos foram audíveis no ar frio da tarde. Estevão arquejou e caiu de joelhos com o rosto contorcendo-se em dor. E então as pedras começaram a cair como granizo, atiradas pelos que estavam reunidos acima dele no penhasco.
Normalmente Saulo não assistia a essa parte de uma execução, mas não conseguiu deixar de se inclinar para frente. Estevão não cobriu a cabeça, nem tentou se proteger. Simplesmente se ajoelhou no chão com o rosto voltado para o céu. Enquanto as pedras golpeavam o seu corpo, ele clamou:
"Senhor, não lhes imputes este pecado".
E então, por fim, misericordiosamente ele ficou em silêncio enquanto seu corpo caía ao chão, quebrado e ensanguentado.
"Não parem", ordenou Saulo. "Certifiquem-se de que ele está morto".
Enquanto os homens concluíam a execução, Saulo se virou e segui para a cidade com um profundo contentamento no coração e um sorriso no rosto.
Trecho extraído do livro:
Jesus: Morto ou vivo? - Páginas 38,39 e 40
Autor: Sean Mcdowell / Josh Mcdowell
Editora: CPAD - Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
Não vou demorar mais. Acho que o relato ficcional que os autores fizeram acima já diz mais do que qualquer explicação adicional. Fica, agora, o questionamento para vocês:
O mundo era digno dele?
Quem clamaria por perdão enquanto ainda era apedrejado por seus algozes?
Estevão. O primeiro mártir do século I.
Um homem de que o mundo não era digno.
Um jovem com rosto de anjo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário